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O mapeamento participativo de indicadores ambientais de saúde em comunidades vulneráveis

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O processo de mapeamento participativo pode agregar muito no setor da saúde, especialmente em bairros periféricos, por estarem inseridos em situação de vulnerabilidade socioambiental, expostos a riscos ambientais, físicos e psicológicos de forma mais acentuada. Na maioria das vezes, não há dados sobre estes locais, ou dados desatualizados e em escala que não permite um estudo mais aprofundado. Soma-se ainda o fato de que, nestes bairros, há maior incidência de doenças de todos os tipos, pois há a concentração de condições insalubres de vida, devido à má gestão urbana, como falta de saneamento, de recursos básicos, de atendimento de saúde, etc, que afetam profundamente a saúde e a longevidade. Portanto, o mapeamento participativo é uma oportunidade de conhecimento do território desenvolvido pelos próprios moradores, que promove a reflexão e o empoderamento, além de gerar produtos que são poderosas ferramentas de diálogo para a obtenção de melhorias locais em direção à superação das desigualdades, já sendo praticado em diversos locais do Brasil.

Mapear o território ajuda a detectar áreas que precisam de mais atenção e que, com abordagens corretas, poderiam ser responsáveis por melhorias em indicadores de saúde, especialmente indicadores ambientais. Por exemplo, alguns indicadores que podem ser mapeados (mais indicadores disponíveis aqui: https://indicadores.cidadessustentaveis.org.br/) :

  • locais favoráveis à inundações e alagamentos,
  • pontos de descarte inadequados de lixo,
  • locais com alta incidência de doenças como dengue, transmitidas por vetores em geral, insetos, animais abandonados, ou água contaminada.
  • locais com maior ocorrência de violência, associada ao uso de drogas, violência sexual, etc.
  • locais onde a qualidade do ar é inferior.
  • locais onde a mobilidade é melhor ou pior.
  • locais com esgoto à céu aberto.
  • existência de áreas verdes.
  • indicadores de saúde mental, como por exemplo, incidência de ansiedade e depressão que são causadas por fatores locais, como ocorrência de desastres, falta de estabilidade, situações difíceis na família por falta de recursos, etc.
  • qualidade da água.
  • Outros…

Quando são detectadas áreas onde, por exemplo, há alta incidência de doenças como dengue e chikungunya, é necessário avaliar se há condições ambientais que favorecem essa ocorrência, como locais onde há acúmulo de água e sujeira, que ainda podem estar associados a outros, como falta de coleta adequada de lixo e saneamento. É como uma reação em cadeia, e todas as fases precisam ser analisadas.

Assim, sendo detectadas as variáveis ambientais que tem influência em um indicador de saúde, é possível traçar estratégias e possíveis soluções em conjunto com a comunidade. Como resultado de possíveis intervenções, os indicadores tendem a melhorar. Além disso, quando existentes, indicadores oficiais podem ser comparados e analisados em conjunto com os do mapeamento participativo gerado, como por exemplo dados de mortalidade infantil, para subsidiar análises mais aprofundadas.

No caso do bairro Novo Recreio, em Guarulhos, foram mapeados pontos inadequados de descarte de lixo que podem ser cruzados com outros dados, permitindo a análise mais aprofundada da ocorrência de certas doenças.  A ocorrência de inundações e deslizamentos também foi mapeada e serve de subsídio para diversas análises, inclusive de saúde mental. Análises complementares do estudo do Novo Recreio serão postadas neste blog em breve.

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